O importante é o que faz

Tem gente que nasce inteligente, nasce rica, tem pais importantes. Nada disso é mérito da pessoa. É sorte ou, como diziam os gregos, destino, o trançado das Parcas. Sorte a gente tem, mas não nos faz melhor, nem mais bonito, nem especial. Por isso, sorte a gente agradece e torce para continuar tendo. Até porque a vida adora nos pegar na curva e deixa o buraco feito pra cairmos dentro.

O que conta mesmo é o que fazemos com os dons e as vantagens com que nascemos. O que vale na contabilidade divina não é dizer “puxa vida, como sou inteligente” ou “toco piano como um deus”.

Não, o que vale é o que você faz com sua inteligência, com seu dom para a música, para jogar futebol. Se você não fizer nada, ou simplesmente levar vantagem em cima dos outros, seu preço não está pago e você corre o risco de, se o inferno existe, quando sair daqui, passar a eternidade num dos seus círculos.

Deus prefere muito a senhora pobre que dá um auxílio pequeno a alguém que precisa do que o homem rico e poderoso que durante o dia adultera mercadorias, engana no peso, paga mal seus funcionários, para depois ir na missa das seis, bater no peito, se ajoelhar com cara compungida e dar dez reais para ajudar as obras santas.

Você vale pelo que você faz. Ninguém quer que você carregue as dores do mundo nos ombros, nem assuma responsabilidades além das suas forças. Como diz o ditado, Deus dá sua carga de acordo com sua força.

Se você fizer sua parte já faz muito. Se você acordar todos os dias e se levantar sabendo o que você tem que fazer e o fizer bem-feito, sua parte está feita. E é tão importante quanto qualquer outra ação feita por alguém que dizem que é mais importante.

Ninguém é mais ou menos importante. Cada um vale pelo que faz, pelas suas ações, tanto faz se é o CEO poderoso ou o gari que varre as ruas.