Os carros velhos estão mais velhos
[Crônica do dia 30 de março de 2006]
É uma coisa lógica, mas que nem sempre chama a atenção. Os carros velhos estão mais velhos. Cada ano que passa no calendário é um ano a mais na nossa vida e na vida dos carros velhos, que envelhecem exatamente como nós, até chegarem num ponto de deterioração tão impressionante que fica difícil acreditar que eles ainda possam rodar.
O duro é que podem, pelo menos até a alça da próxima ponte em cima da marginal, que é o melhor lugar para quebrar de uma vez por todas e ficar parado, esperando o guincho que demora pra chegar, por causa do engarrafamento na alça da ponte, causado pelo carro velho quebrado que fica parado bem no meio da pista, impedindo todo mundo de seguir em frente.
É um drama anunciado e sem solução. O correto seria proibir estes restos de carros de circularem pelas ruas e estradas do país. Mas cadê a coragem política de fazê-lo? Mais que isso, será que seria justo socialmente falando impedi-los de rodar?
A maioria não é usada apenas para fazer turismo, levando um bando de desocupados de um lado para outro. Não, eles são usados como ferramentas de trabalho, servem para levar trabalhadores dos mais diversos setores para seus locais de trabalho, desafogando o transporte coletivo que, hoje, tem menos passageiros, muito por conta os carros velhos que circulam pela cidade.
Será que se todos os carros velhos fossem retirados, a cidade teria condições de oferecer transporte coletivo para essa massa de gente que voltaria a andar de ônibus e metrô? Então, o assunto precisa ser tratado com carinho. Que tem carros que não podem circular, tem, mas outros com uma meia sola ainda aguentam um pouco mais.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.