Pressione enter para ver os resultados ou esc para cancelar.

O tamanho da praça que virou parque

[Crônica do dia 8 de janeiro de 2004]

Desde sua inauguração, a praça Buenos Aires sempre se chamou praça Buenos Aires. É por isso que eu achei estranho um belo dia ler numa placa colocada na praça “Parque Buenos Aires”. Se não fosse por nada, mais uma vez estavam desrespeitando a tradição da cidade, mudando um referencial importante da história de um dos primeiros bairros planejados da capital.

Mas não é só isso. Praça é por definição alguma coisa que pode ser grande, mas que nunca será tão grande como um parque. E a praça Buenos Aires, que tem um quarteirão de área, apenas para comparar, cabe dentro do lago do parque do Ibirapuera, esse sim um parque, com tamanho de sobra para caber na definição.

A praça Buenos Aires não é maior do que a Place des Vosges, em Paris, no entanto não me parece razoável imaginar que a prefeitura parisiense mude o nome da praça para Parque de Vosges. E o mesmo pode ser dito em relação às praças romanas ou alemãs, para não falar nas inglesas, onde elas e os parques convivem harmoniosamente em Londres. Cada um do seu jeito, com suas características e sua finalidade social.

Promover a praça Buenos Aires a parque é no mínimo um ato de megalomania completamente descabido dentro da realidade urbana de uma cidade como São Paulo.

O mesmo tipo de desrespeito que foi a mudança do nome da ponte Cidade Jardim e principalmente do túnel Nove de Julho.

São Paulo é uma cidade única, que anda e já mudou de nome, mas isso foi a muito tempo, antes das divisas e dos caminhos se consolidarem.

Hoje, não dá mais. Uma metrópole precisa referenciais claros e os nomes são um dos mais importantes.

___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.

Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.