A praça com cara de praça
[Crônica do dia 10 de dezembro de 2001]
Depois de uma tentativa malsucedida de transformar sua natureza e fazê-la ficar com a cara de um oásis perdido no meio do deserto do Neguev, a praça Vilaboim, graças da Deus, voltou a ter a sua cara de sempre, de praça de bairro, sem pretensão e sem pompa ou circunstância, como ela sempre foi, desde que foi feita.
Eu até entendo a tentativa de transformação. Com certeza na base dela estavam estudos seríssimos para aclimatação do Brasil ao futuro distante, quando a água vai faltar no mundo inteiro e nós, com certeza, não seremos a exceção.
Mas este futuro ainda está muito distante e a realidade nacional permite uma certa dose de otimismo, mesmo com os políticos brasileiros sendo os políticos brasileiros e com a imprevidência pautando boa parte das ações deles.
Assim, encher o chão com seixos redondinhos e outros tipos de pedra foi um erro. Um erro grave porque mudou a cara de uma das praças mais simpáticas de São Paulo, além de destruir sem razão nenhuma um pouco do pouco verde que ainda embeleza a cidade.
Descobrir a praça com seus canteiros recuperados e saudáveis, com o verde de novo no lugar de sempre e com poucas pedras para atrapalhar o seu crescimento foi uma alegria.
Afinal, o que fizeram foi, mais ou menos, restaurar a praça. Deram a ela o direito inalienável de ter a sua cara. De parecer o que ela sempre foi e para o que ela foi feita: uma praça de bairro, num bairro com cara de bairro e caráter, numa cidade onde estas qualidades estão saindo de moda, com tudo de ruim que isto traz consigo.
A praça Vilaboim com cara de praça Vilaboim é um passo importante para a qualidade de vida de São Paulo. Um passo que não só Higienópolis e região agradecem, mas que toda a cidade comemora, mesmo porque cheia de pedras a praça estava muito feia.
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