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Vai acontecer de novo

As chuvas torrenciais que devastaram o litoral norte paulista no domingo de carnaval seriam devastadoras em qualquer lugar do planeta. Não há cidade, vila ou aglomerado humano que aguente receber 600 milímetros de água em menos de 24 horas.

Tanto faz o grau de desenvolvimento ou riqueza, não dá, simplesmente não dá. Uma chuva dessa magnitude faz o que quer, leva o que quer, destrói, mata, muda a paisagem com a sem cerimônia de quem sabe que, porque bebe Biotônico Fontoura, é o mais forte.

Nova Iorque, Paris, Cairo, Tóquio, Santiago de Compostela, tanto faz, as chuvas fariam seu estrago e ele seria apavorante, dependendo de onde, inclusive mais terrível do que as chuvas que caíram no litoral norte.

E elas vão voltar. No ano que vem, elas cobrarão seu preço, quem sabe variando de região, mas, como sempre, terríveis, como acontece verão depois de verão, desde que o Brasil permitiu a ocupação de áreas completamente inadequadas para moradia do ser humano.

Porque uma coisa é uma tempestade fora de parâmetro varrer uma região, outra é a falta de políticas públicas aumentar a destruição porque morros vêm abaixo ou baixadas inundam destruindo casas e vidas, levando na sua passagem a possibilidade dos sonhos.

Não tem o que fazer. Não é segredo para ninguém que os morros brasileiros não são seguros, que suas encostas podem vir abaixo. Todavia, pelo menos desde a abolição da escravidão, os morros cariocas são ocupados por milhares de pessoas que não têm outro lugar para morar.

Como não é só no Rio de Janeiro que isso acontece, milhares de brasileiros estão ameaçados porque, por falta de opção, também moram em áreas sujeitas a esses fenômenos. O domingo de carnaval em São Paulo foi a bola da vez este ano. No ano que vem aparecerá outra.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.