A biblioteca e a praça

[Crônica do dia 29 de outubro de 2008]

A Biblioteca Mario de Andrade, na Praça D. José Gaspar, é um marco na cidade. Marco arquitetônico pelas linhas do prédio e marco cultural pela sua importância como maior biblioteca pública paulistana. Além disso, homenageia um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento da cultura nacional, o poeta Mário de Andrade, um dos pais do modernismo e mais que isso, um dos grandes pesquisadores das raízes socioculturais brasileiras.

Mario de Andrade foi um destes homens raros em qualquer canto do mundo, uma pessoa diferente, mais inteligente ou mais antenada nos grandes mistérios da vida, do planeta e do cosmos.

Daí sua sede de saber, de querer entender, de descobrir de onde vínhamos e para onde vamos, como e por quê.

A maior biblioteca da cidade homenagear seu nome é um tributo adequado e justo a alguém que foi inclusive perseguido em vida, por conta de muita inveja e ciúme, apesar de seu tamanho intelectual.

Hoje a Praça D. José Gaspar está decadente e não tão bem tratada quanto poderia ser. Mas já foi local da moda, fino e frequentado pela elite paulistana.

Em seus arredores ficavam as lojas mais caras da cidade e os escritórios em volta também eram o que havia de melhor, entre o melhor oferecido por São Paulo nos anos alucinados de sua explosão em metrópole.

Mas a cidade é insensível em seu movimento contínuo – sempre mais para a frente, e a praça paga o preço de não ser mais o local que era 50 anos atrás. Ainda é bela, ainda tem a biblioteca, mas está longe do brilho até os anos de 1960 e da vida alucinada que então a tomava de assalto.

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