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Quando os telefones falarem

[Crônica do dia 25 de agosto de 1997]

Ao que tudo indica – e os indícios são realmente fortes – a partir do começo do próximo ano os telefones celulares brasileiros deverão – maravilha das maravilhas – falar.

Pode parecer incrível, mas para quem pegou a época em que o telefone da fazenda era Louveira Sete e funcionava com uma manivela que a gente girava até a telefonista atender, o progresso embutido na possibilidade do telefone falar é mais do que inacreditável, é coisa de milagre.

Quando eu era criança, e não faz tanto tempo assim, uma ligação para a fazenda poderia levar horas, antes de ser completada. Mas horas mesmo, três ou até quatro, o que na prática, tornava mais fácil pegar o carro e ir até lá, já que ela ficava a uma hora de São Paulo.

O mesmo esquema era válido para o Guarujá. E o tempo para completar a ligação também era mais ou menos o mesmo. a diferença entre os dois era o número das telefonistas, para o interior, quer dizer para a fazenda era 01, ao passo que para o litoral, era 07.

Depois o progresso foi chegando e o 01 virou 101 e 07 virou 107, reduzindo o tempo das ligações para algo como meia hora, o que já era muito mais razoável.

Finalmente, passados mais alguns anos, entramos na era do automático, que funciona até hoje, diga-se de passagem, meio congestionado, mas que, com alguma paciência, até que vai.

O que não funciona nem debaixo de reza brava são os celulares. Eles são temperamentais demais e o resultado deste vedetismo é que as pessoas se irritam mais do que falam, mesmo tendo lindos aparelhinhos de última geração e mais um rol de acessórios de deixar o Batman com inveja.

E é isto que a partir do ano que vem deve mudar. Além, é claro das tarifas, que devem cair assustadoramente, por conta da concorrência, que, em não havendo, permite que as operadoras atuais cobrem o que querem, mesmo com o sistema não funcionando.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.