A hora é a hora
Ninguém nasce antes da hora, ninguém cresce antes da hora, ninguém casa antes da hora, ninguém fica bobo antes da hora, ninguém morre antes da hora. A hora é a hora, antes é cedo, depois é tarde. As fatalidades da vida sabem disso, por isso não se alteram, nem mudam o passo. O que tem que ser será, na hora que tiver que ser, nem um segundo antes ou um segundo depois.
A eternidade não tem tempo. Todos os momentos são ao mesmo tempo, mas isso é o tempo de Deus. Para nós humanos o antes e o depois fazem toda a diferença, até porque antes é cedo e depois é tarde. O que deveria ser ainda não chegou ou já passou, sem nossa participação, sem nossa interferência, sem nossa sorte, porque os fatos não dependem de nós. Simplesmente acontecem porque, em algum lugar nas muralhas do universo, está escrito que deve ser assim, nem mais, nem menos.
Se o carro que atropelou Zezinho saísse um segundo depois ou se Zezinho saísse um segundo antes o acidente não aconteceria. Só aconteceu porque o carro saiu quando saiu e Zezinho também saiu no instante em que saiu. Um segundo faz a diferença entre viver e morrer, mas esse segundo não é nosso, está escrito nas tábuas do destino e nada consegue mudá-lo. Nem eu, nem você, nem Santo Antão da Caneca Quebrada.
Nossa vida é nossa e não é. Começamos a morrer no instante em que nascemos. Será que nossas mães são assassinas? Não, a regra do jogo é essa e não depende delas. A aventura começa no nascimento dos pais, ou antes, nos nascimentos de antigos avós, Paul Radas gerando Bartiras na argila da nova terra sem pecado e sem remorso.
Quem sabe de você é você. Você pra mim é problema seu. O mundo segue em círculos que se fecham e se abrem. Por isso, o mais importante é surfar a onda sabendo que, se cair, tem tubarão nadando em volta.
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