Gente que faz
Quando a hipotética fundação de São Paulo aconteceu, em 25 de janeiro de 1554, os portugueses já estavam no Planalto de Piratininga há muito tempo. Dizem autores que conhecem a matéria que João Ramalho subiu a serra e se instalou na taba de Tibiriça por volta de 1515. E foi ele quem levou Martim Afonso de Souza a conhecer a região, onde ele fundou a Vila de Piratininga, em 1532.
Subir a serra e se instalar do outro lado, na boca do sertão, não era para qualquer um. Então, desde seus fundadores e primeiros moradores, São Paulo é feito por gente que faz. Gente que não tem medo do batente, nem de seguir seus sonhos e transformá-los em realidade.
Gente que se impôs ao elemento hostil, que se misturou a outra gente, de outra raça. E a nova raça, mamelucos, se aventurou sertão adentro, aumentado em quatro e meio milhões de quilômetros quadrados a área do Brasil.
E povoou a terra, abrindo roças e corrutelas pela enormidade do centro do continente para dar suporte às expedições que vararam o sertão, primeiro para o norte, depois para o sul e finalmente para oeste, tirando das matas e dos rios riquezas que o mundo não sabia que poderiam existir e que, por duzentos anos, mantiveram a corte portuguesa e pagaram a revolução industrial inglesa.
Depois foram tropeiros e abriram os caminhos do Brasil, transportando cargas no lombo de burros, que saíam do Rio Grande do Sul, se recompunham em Sorocaba e subiam nordeste a fora.
E plantaram café e industrializaram o Estado e criaram universidades e ainda hoje não param nunca – gente que segue a antiga trilha e sobe serras e vara rios, fazendo todo dia o que precisa ser feito, porque é assim que os sonhos se tornam realidade.
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