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Extinção

[Crônica do dia 27 de novembro de 2013]

Aconteceu com os grandes dinossauros. Com os cavaleiros andantes. Com os navegadores e os bandeirantes. Com os gráficos. Com o charme da Legião Estrangeira. Com os funcionários britânicos na Índia, com o próprio Império Britânico.

Foi Darwin que mostrou como funciona. Não tem jeito, ou se adapta ou morre. A lei da selva não perdoa. Que o digam os tupinambás, as preguiças gingantes, as abelhas sem ferrão.

E os Cavaleiros Templários, que fizeram a besteira de emprestar dinheiro para o rei da França. Os indígenas do México, que acreditaram nos espanhóis. E os Incas e os habitantes da Ilha da Páscoa.

Nem sempre é preciso fazer alguma coisa. O processo acontece independentemente da nossa vontade. Alguém lança algo e pronto! você já era.

Quem se lembra do telex, engolido vivo pelo fax? E quem se lembra do fax devorado sem piedade pelos e-mails?

E os telefones de manivela, os de disco, e os orelhões, prontos para sair de cena?

Pode mais quem chora menos. Ninguém anda de biga, mas ninguém abre mão de um bom automóvel e, em país desenvolvido, do metrô.

Entre as espécies em extinção, uma me deixa particularmente triste. O duro é que não tem o que fazer. Não podem brigar com a NASA e, mesmo se tentassem, não dá mais, o fato já se consumou.

Os engraxates estão desaparecendo. Não por culpa deles. Não porque tenham perdido a mão. Não. Acontece que cada vez menos gente usa sapatos de couro. Sem eles, não há o que engraxar. É pena, alguns engraxates são grandes artistas. Que o diga Seu Luiz, artista do sapato e o dono do Largo do Arouche.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.