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128 milhões de celulares

[Crônica do dia 4 de setembro de 2008]

Pasme, o Brasil tem 128 milhões de telefones celulares em operação. Aliás, já deve ter bem mais, já que estes dados são de algum tempo atrás e a venda de celulares prossegue firme e forte, na sua escalda vertiginosa, rumo a um número igual à totalidade da população.

Para quem nasceu na época dos telefones de manivela instalados nas fazendas, com ligações que podiam demorar mais tempo para serem completadas do que se o cidadão fosse até a localidade a ser chamada, de automóvel, este número mais que impressiona, coloca uma série de questões difíceis de responder.

Era comum, quando eu era criança, se esperar até cinco ou seis horas por uma ligação para Louveira, a menos de cem quilômetros da Capital. E não pense que ligar para o Guarujá era mais fácil. Também podia levar algumas horas.
Hoje, ficamos bravos se as maquininhas levam mais que dez segundos para completar uma ligação interurbana ou vinte para uma chamada internacional.

Não tem cabimento estes aparelhos se recusarem a funcionar imediatamente.

É caso de PROCON, de polícia, de falta de vergonha na cara.

O telefone tem que falar, mesmo com a operadora, de vez em quando deixando de garantir o sinal indispensável para completar a ligação.

O que se vê é que cada vez mais, o telefone recebe missões estranhas ao conceito básico que o fez famoso: Preto, com disco, fazendo trim para avisar a chamada, e se dizendo alô para atender. Hoje o telefone faz quase tudo, menos isso. E o perigo mora exatamente aí.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.