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A boçalidade ao infinito

O que leva um ser humano a invadir uma escola e matar inocentes? Antes de responder essa pergunta, é preciso colocar outra: será que quem faz uma coisa dessas é um ser humano ou é uma besta fera, completamente boçal, travestida de ser humano?

A mitologia está cheia de monstros horripilantes, capazes de ações inimagináveis, como Cronos devorando seus filhos, e castigos como Prometeu, com a águia devorando seu fígado. No final da guerra de Tróia, Neoptólemo, filho de Aquiles, agarra Astianax, o pequeno filho de Heitor, e o arremessa de cabeça contra uma coluna. Mas eram inimigos e estavam em guerra.

É completamente diferente de entrar numa escola, armado com fuzil, pistola, machado, faca ou canivete, e começar a matar inocentes, alunos, professores e funcionários, seja lá pela razão que for.

Simplesmente não há razão. Nada justifica uma barbaridade dessas. Não há justificativa, nem explicação para o ataque covarde, que atinge inocentes indefesos, sem qualquer chance de socorro.

O que leva uma besta fera a fazer isso? E mais, em seguida, se entregar à polícia, o que mostra claramente que o assassino de Santa Catarina sabia exatamente o que estava fazendo.

Ele estudou a justiça brasileira, sabe todas as suas falhas, a começar pela forma como as penas são aplicadas e revertidas pelas mais diversas razões, o que faz com que um assassino monstruoso fique preso por muito menos tempo do que foi condenado.

Para estancar essas barbaridades é preciso a adoção das medidas preconizadas pelos especialistas, mas a mais eficiente seria a revisão da nossa legislação penal, aumentando penas, acabando com a progressão para determinados tipos de crimes e, acima de tudo, prendendo certo.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.