22 de abril
[Crônica do dia 22 de abril de 2009]
O Brasil é um país louco. Ou pelo menos com pouca lógica nas ações que pautam seus homens públicos, os chamados representantes do povo.
É só olhar a quantidade de feriados que mancham de vermelho nossas folhinhas para se ter certeza de que o trabalho não faz parte das preferências nacionais. Nada de mal nisso, pelo contrário, afinal trabalho é sacrifício, assim só teria sentido se garantisse a entrada no paraíso.
E é aí que mora um bom exemplo da falta de lógica das ações que pautam nossos ilustres senadores, deputados e vereadores. O dia da descoberta da terra, a data que Cabral aportou na Bahia, quer dizer o começo de tudo, não é feriado.
Pasme, mas hoje não é feriado. Ontem foi feriado. Dia de Tiradentes. O herói republicano que pouca gente sabia que existia até ser proclamada a República.
Agora, responda: o que é mais importante, a Inconfidência Mineira ou o descobrimento do Brasil?
Se você acha que é a Inconfidência, me diga: como o movimento aconteceria sem o descobrimento do Brasil?
Pois é. Tudo decorre dele. Tanto faz o quando, o como ou até o porquê. Sem o descobrimento todo o resto ficaria na hipótese, já que não aconteceria, pelo menos da forma como se deu.
Se nós temos feriado para tudo e para todos. Se até ilusão vira dia santo e dia santo continua santo, bom quando cai na segunda-feira, para emendar o resto da semana, por que, em nome de Deus, o dia 22 de abril não é feriado? Será que Cabral agrediu alguém importante? Será que é uma forma de negar nossa origem? Não tem lógica, nem dá para entender.
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