Às vezes a vida pesa
Não tem vida fácil. Tem até quem diga que gostaria de morrer, mas, na hora do vamos ver, a maioria corre de volta, pede socorro e procura o lado raso da piscina.
Porque é assim é fácil explicar. De verdade, a alternativa é muito pior. Melhor seguir por aqui, correndo e gemendo neste vale de lágrimas do que entrar de cabeça no desconhecido, encarar a morte de frente e depois da partida, não saber se tem para onde fugir…
O problema é que às vezes a vida pega. Pega porque pega, porque os deuses resolveram se divertir e a brincadeira do dia é maltratar você. Tanto faz se você fez alguma coisa contra eles, o divertido, no alto do Monte Olimpo, é ver seu sofrimento, como se estivessem enfiando agulhas quentes debaixo das suas unhas.
Quem disser que isso não existe nunca viu um museu que mostre a capacidade do ser humano infligir sofrimento ao seu semelhante. Agulha quente debaixo da unha é o começo do começo da longa lista de torturas e maldades usadas para causar dor e sofrimento desde que um macaco diferente desceu da árvore e tomou conta do planeta.
Mas a vida também pega sem prisão, sem tortura, sem razão. Por que fulano sofreu um AVC? Por que sicrano foi baleado no meio da rua? Por que um cavalo atropelou Giselda e um carro desembestado passou por cima de Simeão? Não temos as respostas.
Mais triste do que o evento em si, são as consequências. Sequelas irreversíveis, cicatrizes no corpo e na alma, dores atrozes dividindo as noites com os sonhos.
Ninguém sabe por que os imprevistos acontecem. É assim porque é assim e basta. Quem quiser aprofundar o assunto vai acabar perguntando por que Deus faz isso e a resposta será que Deus não tem culpa.
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