Dia das mães

Da mesma forma que não é verdade que o dia da mulher é o dia da mulher, também não é verdade que o dia das mães é o dia das mães. E não é verdade pela mesma razão. A mulher, que tem a prerrogativa de ser mãe, não precisa um dia pra chamar de seu porque todos os dias são dias da mulher e todos os dias são dias das mulheres que se tornam mães.

Tem mulheres que escolhem ser mães, tem mulheres que se tornam mães sem querer, tem mulheres que escolhem não ser mães, tem mulheres que não podem conceber e por isso nunca serão mães naturais de filhos e filhas que garantem o futuro da espécie, porque essa é nossa missão primordial no longo caminho da vida, mas serão mães de outra forma.

Ser mãe transcende um dia, mas se eterniza num único minuto, no olhar de amor que nenhum homem conseguirá igualar, na hora em que a mãe vê a criança saída dela pela primeira vez. Ou a mulher que vê o filho que ela escolheu pela primeira vez. É o olhar que solidifica a ligação, que perpetua a aliança e cria a parceria que a fará, por toda sua vida, amar a criança que cresce e segue seu caminho, porque é assim que o mundo gira.

Se tem a mãe natural, tem também a mãe que não gera a criança, mas escolhe ser mãe e, ainda que impossibilitada de dar à luz, vai atrás e encontra o filho ou a filha que iluminará seus dias ao longo dos anos.

E os dois amores são um tão intenso quanto o outro. Os dois têm na origem a entrega total do corpo e da alma, para a construção de uma vida feliz para a criança que é dela, mas, criada para o mundo, um dia seguirá seu caminho e terá seus filhos, numa constante eterna na preservação da vida.

Ser mãe é o milagre do amor, a entrega absoluta, inquestionável e inquestionada, dia depois de dia, ano após ano, ao longo de uma vida.

Todo dia é dia das mães. As mães sabem disso. Por isso fingem uma alegria extrema quando os filhos a homenageiam elegendo um único dia.

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