O buraco não tem fundo
O problema do mundo, e do Brasil em especial, é deterioração acelerada da malha social. Cada dia que passa, a coisa piora, complica, perde referências, se torna baixa, micha, chula.
A queda dos padrões mínimos está em toda a parte, de alto a baixo do espectro, tanto faz como, onde, quando ou por quê. É assim na Europa, nas Américas, na África, na Ásia e na Oceania. Como diria minha avó Sara: Qual será o fim disso?
Ninguém tem a resposta, mas tem tudo para acabar mal. Nenhuma sociedade organizada se sustenta sem regras básicas de comportamento e padrões éticos em que se apoiar. E o complicado da dança é que eles estão sumindo numa velocidade impressionante, inclusive em países onde a ordem e a educação sempre foram a regra.
É olhar o que acontece nas ruas, no trânsito, para não se ter dúvida que, do jeito que vai, vai mal. Não bastassem os desmandos dos motoristas que vão para a pista da esquerda para entrarem à direita ou os que param em fila dupla, agora o legal é andar na contramão. E não é só em ruas sem movimento, escondidas em bairros tranquilos, não. Outro dia tinha uma peruinha na contramão da Avenida dos Bandeirantes. Pra não falar num carro dando macha-ré em plena Marginal do Pinheiros porque tinha passado a saída para a pista local.
Mas o melhor de tudo eu vi outro dia na Cidade Universitária. O bonitão vinha correndo pela calçada da Avenida Lineu Prestes, parou do lado de uma quaresmeira, baixou a roupa de atleta, apontou o pênis e simplesmente urinou no tronco da árvore. Não disfarçou, não procurou um arbusto para se esconder atrás, nada. Foi como se estivesse no bem bom da sala de estar da casa do pai, urinando em cima do sofá. Alguém que faz o que ele fez, com certeza também urina na poltrona do pai.
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