O sumiço da pamonha
Não se ouve mais com a mesma frequência o grito de “pamonha, pamonha, pamonha de Piracicaba”, como se ouvia alguns anos atrás.
A dúvida é enorme. Pode ter duas variáveis principais para mostrar a verdade. A primeira, e mais simples: o mercado para pamonhas encolheu e não compensa mais sair de Piracicaba para vender pamonhas em São Paulo.
E a segunda, mais elaborada: o gosto do paulistano mudou, se sofisticou e agora ele não quer mais comer pamonha, quer comer escargot.
Tanto faz, as duas versões são válidas e cabem na explicação para o sumiço das pamonhas das ruas da Capital. Aquele carrinho com o autofalante em cima da capota não corta mais as ruas de bairro, com seu chamado irresistível para quem gosta de pamonha: “pamonha, pamonha, pamonha, a verdadeira pamonha de Piracicaba”.
Não, não é tão antigo quanto os lampiões a gás. Ao contrário, a pamonha entrou firme e forte no século 21, com seu grito de guerra se espalhando pelos bairros da Capital com a sem cerimônia das chuvas de verão caindo na cidade.
Tem quem diga que a verdade está escondida debaixo de outra árvore. Que o que aconteceu é que as pamonhas se solidarizaram com os Opalas e, quando eles começaram a sumir das ruas, elas também decidiram que era hora de tirar o time de campo e cantar em outra freguesia.
É complicado provar ou mesmo consolidar uma teoria, mas é fato que os Opalas praticamente desapareceram. Como é fato que se ouve muito menos anúncios de pamonha de Piracicaba, gritados pelos carrinhos velhos com um autofalante em cima.
Diz a lenda que as coisas vão e voltam e que a lembrança do grito de “pamonha, pamonha, pamonha de Piracicaba” vai ressuscitar os Opalas.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.