Me fizeram não gostar de matemática
Eu tenho uma cabeça lógica e com forte viés matemático. No entanto, nunca aprendi matemática, a não ser o essencial para me formar no ginásio e me despedir dela porque no clássico não tinha matemática.
As razões se limitam a uma razão: o professor errado, na hora errada, fazendo as graças erradas com um menino na segunda série do ginásio.
Pode parecer loucura, mas não é. O professor implicou comigo por causa de time de futebol. Ele era corintiano, eu sou são-paulino e, por causa disso, começamos a discutir regularmente, em nível de igualdade.
Se ele fosse um bom professor veria que estava diante de um menino querendo mostrar que era grande, mas ele não percebeu ou, se percebeu, era uma pessoa fraca, que precisava se impor mostrando o seu poder contra alguém que não tinha a menor chance num confronto direto.
O resultado disso é que comecei a não me interessar pela matéria e a ir mal nas provas e nas chamadas orais, nas quais ele fazia questão de colocar questões que ele sabia que eu não responderia.
O resultado é que acabei de segunda época, precisando nove para passar de ano. A lógica seria eu não passar, mas eu passei, graças a uma professora genial, que me preparou para o exame no qual eu tirei dez.
A professora foi Doutora Aurora Albanese, que, ao longo de sua carreira, galgou as mais altas posições na Universidade Mackenzie.
Em um mês e pouco, entre dezembro e janeiro, ela me ensinou tudo o que meu professor do Dante não só não me ensinou, como me fez não querer aprender.
O fato de eu ter aprendido mostra duas coisas. A primeira é que uma boa professora não faz milagres, ela desperta o interesse do aluno e sua vontade de aprender. A segunda é que, com um bom professor, provavelmente eu teria gostado de matemática.
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