As festas juninas

[Crônica de 25 de junho de 1998]

Junho é um mês abençoado. Mesmo já sendo frio, ou em alguns anos já fazendo frio, o mês é único no longo calendário de doze meses, os quais, ao contrário de junho, nem sempre trazem coisas boas. Em dezembro temos o nascimento do Cristo que é bom, mas, na Páscoa, temos a morte do Cristo, e na quaresma o sacrifício.

Também os outros meses oscilam de um lado bom para outro triste ou trágico. Por exemplo em setembro começou a Segunda Guerra Mundial, e foi num agosto que as duas primeiras bombas atômicas caíram na terra.

Em janeiro as tempestades de inverno e de verão castigam o planeta e em julho o frio e a seca trazem dor para o Brasil.

Junho não, mesmo tendo ciosas ruins, porque estas acontecem sem aviso, junho é um mês alegre. É um mês de festa, na igreja e no terreiro, por conta de Santo Antonio, São João e São Pedro, que têm suas datas nele comemoradas e que sempre trazem alegria, ainda que seja para mitigar a tristeza.

As festas juninas dão um ar todo especial à vida. Mesmo num mundo que já não tem tempo para pensar em festas, as festas dos santos de junho trazem uma cor única para o dia a dia das pessoas, que brincam, se divertem e esquecem o lado ruim deste vale de lágrimas, por conta de um mês em que três santos muito festeiros comemoram em seguida os seus respectivos dias.

As quermesses, as festas juninas, com seus bailes com bandeirinhas e música típica; as brincadeiras e as prendas; as comidas e as bebidas, fortes para fazer frente ao tempo, dão ao mês de junho uma graça que nenhum outro mês tem, nem mesmo o mês do carnaval, que pode variar, de acordo com o calendário da igreja.

Junho é diferente. É tão alegre quanto o carnaval, mas de uma alegria mais contida e mais profunda, que remete a sentimentos mais elevados, que nos colocam mais perto de Deus.

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