Todo dia é um dia especial
[Crônica de 4 de julho de 2003]
Hoje também é Dia dos Namorados. É bonito. É bom. É romântico. Mas, para quem ama, ontem foi Dia dos Namorados e amanhã, daqui a 100 anos, será dia dos namorados. E é maravilhoso. E é ótimo.
É a vida se perpetuando no encontro da vida, na soma de quem ama dividindo os sentimentos e as emoções, o grande e o pequeno, em gestos tímidos, em olhares rápidos, em meios sorrisos que falam mais do que as palavras e fazem os corpos se entenderem na comunhão das almas crescendo juntas e criando uma realidade, para além de qualquer tempo, no tempo em que está acontecendo.
O amor não tem fronteiras, não tem limite no espaço ou no tempo, por isso é eterno e é infinito, mesmo que depois não dure.
No seu momento, o amor é amizade e sexo; é procura e entrega; é o descanso do encontro, depois da explosão da descoberta.
E ele se espalha em nós como as marés que vão e voltam, ritmicamente, entregando para as rochas os segredos das profundezas. Ou como o cometa que numa eterna troca traz para a terra o rumo das constelações e a dança das nebulosas que já não existem, e leva para Andrômeda a saudade dos dinossauros desaparecidos há 50 milhões de anos.
No amor tudo é uma única e imensa verdade, feita da descoberta e da repartição de dois seres encantados levantando os véus da magia que os faz parte da sinfonia do cosmos.
Nele cada instante é eterno, cada momento infinito, cada quem sabe uma certeza, cada despedida um reencontro.
Não há antes, nem depois, mas apenas o tempo indivisível que reúne os amantes num sonho, vasto como o seio de Deus.
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