E a florada chegou

As festas juninas passaram, as paineiras foram embora, o inverno chegou e os ipês estão florindo.

Na ordem natural das coisas, primeiro os ipês roxos, os que estão dando show agora, porque agora é o momento deles explodirem sua beleza nos cachos de flores enfeitando seus galhos e dando cor nova para a cidade.

Nem antes, nem depois, apenas na hora certa, que é a hora em que a natureza determina que cada evento aconteça, porque, por razões além de nossa compreensão, é assim que acontece.

Os ipês são muitos. Estão espalhados por toda a cidade. Bater de frente com um florido, agora, é fácil. E ficará assim pelos próximos meses, quando os outros ipês também entrarão em cena, na ordem exata, os brancos, os amarelos e os rosas.

Não exatamente um depois do outro, mas, grosso modo, um depois do outro, até fins de setembro, quando os jacarandás mimosos desbancarão os ipês, não por serem melhores, mas porque será o tempo deles.

Mas isso só vai acontecer mais pra frente, quando for a hora de acontecer, na sequência lógica da natureza se impondo ao planeta.

Agora, a hora é do ipê roxo, o velho handroanthus impetiginosos, árvore de madeira de lei e flores deslumbrantes. Ele é o senhor do momento, o dono da hora, o encarregado de embelezar São Paulo, não por profundo amor ao ser humano, mas porque o ser humano, em momento inspirado, decidiu plantar a árvore na cidade.

Os ipês roxos sabem que são bonitos e fazem questão de realçar essa beleza aproveitando o contraste do céu azul e o vento que sopra fraco, balançando suas flores. Eles se mostram em toda sua exuberância por vaidade e para exigirem dos que virão depois que caprichem no show.  

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