91 anos da revolução de 1932

A Revolução de 1932 pode ser analisada de diferentes formas, mas todas as análises são feitas depois. O duro é decidir na hora. E, na hora, os paulistas decidiram ir à guerra para garantir para si e dar aos outros brasileiros suas conquistas sociais e o seu padrão de vida.

O mote da guerra foi a Constituição. Daí o soldado paulista ser chamado de soldado constitucionalista. Mas se lembramos que, na época, mais de 70% da população era analfabeta e que, mesmo hoje, o brasileiro médio dificilmente entenderá o que está escrito na constituição, fica fácil perceber na sua invocação as primeiras ações de propaganda, indispensáveis para o sucesso de uma guerra.

A volta de uma Constituição, a sigla MMDC e frases como “Desta casa partiu um soldado da lei”, insuflaram os ânimos e criaram a fagulha necessária para incendiar as mentes e levar o povo a pegar em armas para manter seu modo de vida e as conquistas sociais que faziam de São Paulo um lugar completamente diferente e à frente do resto Brasil.

Naquela hora, tanto fez o estado estar mal armado, os soldados mal treinados e mal equipados. Tanto fez os comandantes militares não estarem à altura da missão. Tanto fez a luta ser contra praticamente todo o país.

O paulista se alistou, recebeu armas velhas e descalibradas e marchou para o Rio de Janeiro para derrubar o ditador. Se a marcha fosse sem parar, diretamente em direção à Capital, os paulistas venceriam. Os militares do Rio de Janeiro estavam prontos a aderir ao movimento. 

Mas o comandante paulista suspendeu a marcha na divisa do Estado. Sem brilho militar, ele não percebeu a importância da marcha naquele momento e decidiu esperar a chegada dos generais que comandariam a luta. Ali São Paulo perdeu a guerra e se, em 1934, criou a USP, até hoje o Brasil sente no seu cotidiano a derrota paulista nos idos de 1932.