Contraponto
[Crônica de 9 de abril de 2002]
A gente vê e sabe de tanta coisa ruim que acaba perdendo o foco e achando que a vida em São Paulo é o desastre mais completo que existe. E é e não é.
As duas afirmações são verdadeiras, mas o lado bom acaba sendo deixado de lado, porque a maldade, a violência, o sem sentido, o ruim, se sobrepõem, cobrando um preço alto, representado por uma imagem falsa de aqui tudo é negativo e que a cidade não oferece nenhum contraponto para isso.
Não é verdade. São Paulo tem coisas únicas e maravilhosas que fazem dela um lugar fascinante, onde a vida precisa ser peneirada para separar o ruim do bom e mostrar o brilho do bom como o brilho de uma pedra preciosa de valor incalculável, capaz de brilhar na coroa mais valiosa, sem passar vexame ao lado de quem quer que seja.
São Paulo é conhecida pela quantidade e qualidade de seus restaurantes. Pelo seu comércio variado. Pela vida cultural em geral.
São todos lados positivos de uma mesma moeda e por si só seriam capazes de se contrapor ao feio que mancha de sangue as ruas da cidade e as páginas dos jornais.
Mas São Paulo oferece muito mais. Oferece uma população trabalhadora que quer andar para a frente e que, quando não atrapalham, mesmo sugada pela sede insaciável dos governos, gera riquezas e empurra o país para o primeiro mundo.
São Paulo tem também milhares de voluntários de todos os tipos, fazendo todo tipo de trabalho, em prol do próximo, em prol da cidade, em prol de cada um que precise uma mão estendida ou uma palavra boa, dita numa hora difícil.
Nem tempo em que o legal é levar vantagem e ficar rico, é belo e é bom ver as pessoas se entregarem de corpo e alma a algo que não vai aumentar-lhes a riqueza, mas vai dar a certeza do dever cumprido e a chance de encostar a cabeça no travesseiro e dormir em paz com a própria consciência.
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