Insisto, a culpa não é do carro
Faz tempo, escrevi uma crônica explicando que a culpa pelas barbaridades que acontecem nas ruas não é dos carros. Quem é o culpado é quem está sentado atrás da direção e que é capaz de cometer qualquer desatino porque acha que tem direito.
Voltando ao tema, o mais simples é parar em fila dupla ou numa esquina onde a conversão é difícil, atrapalhando quem quer passar, mas fica espremido pelo automóvel colocado no lugar impróprio.
Daí para fora, vale tudo, até soco e tiro em nome do sagrado direito de fazer o que quiser, tanto faz o que dizem a lei ou as placas de trânsito.
É regra os motoristas irem para pista ao lado para entrarem à esquerda. Eles fecham a rua para quem quer seguir em frente porque têm o direito de entrarem à esquerda, tanto faz se pode ou se não pode. E a cena se repete quando querem entrar à direita. Vão indo para a pista ao lado, até fecharem a rua, tanto faz quantas pistas ela tenha.
Falar em fechada é brincadeira. Atualmente, a seta ligada dá direito a tudo, inclusive mudar de faixa na marginal sem se preocupar se tem carro na faixa em que se quer entrar. O cidadão dá seta e entra, o resto não é problema dele, o que acaba resultando em batidas as mais improváveis porque alguém acha que é dono da rua. Sei lá, de repente ele paga dois IPVAs e por isso pode dirigir assim.
Os desatinos são democráticos e mostram que no Brasil de hoje o errado e a falta de educação fazem parte do jogo e que é melhor deixar de lado do que reclamar da pessoa que fura fila ou estaciona em local proibido.
As consequências podem ser complicadas e vão de uma discussão inútil a um tiro no peito, o que é bem mais chato.
De toda forma, é importante deixar claro que a culpa pelo que acontece nas ruas não é dos automóveis, eles são apenas as armas.
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