Não somos tantos assim
O Brasil gosta de falar que tem duzentos e vinte milhões de habitantes e caminha para duzentos e trinta. Aliás, seria até lógico, se levarmos em conta o que aconteceu nos últimos cem anos, na forma como fomos crescendo, como nossa população foi encorpando, como a miscigenação jogou a favor, como criamos um povo diferente, apto a ser uma nova medida para pautar a humanidade.
Mas, como diz um amigo meu, o projeto até era bom, o problema foi a gestão. Caiu nas mãos de amadores e, o que era para dar certo, deu errado.
O IBGE acaba de divulgar os números do último senso, feito a pau e pedra, com atraso de vários anos, nos quais o trabalho foi escandalosamente boicotado pelo próprio governo, como se soubesse que o resultado não seria tão bom quanto o país esperava.
E não foi mesmo. Segundo os dados do senso, o Brasil tem duzentos e três milhões de habitantes, vinte milhões a menos do que era cantado aos quatro ventos.
São dois “Portugais” de diferença pra menos. Mesmo assim, seguimos sendo um dos países mais populosos do planeta, o que coloca a língua portuguesa entre as mais faladas do mundo.
Mas não somos duzentos e vinte, nem estamos a caminho dos duzentos e trinta. É o crescimento populacional mais fraco dos últimos cem anos. O que o explica?
Poderia dizer que antes não tinha novela ou, mais moderno, não tinha streaming. Então o leque das diversões era menor. E o povo fazia o que podia, como podia.
Hoje, ter filhos passou a ser mais discutido, mais avaliado e um número muito maior de pessoas prefere ter bichos a filhos. Nada de errado, ainda mais num mundo em que ninguém sabe onde vai parar.
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