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Dramático, triste e vergonhoso

De acordo com números publicados pela ONU, o Brasil tem dez milhões de pessoas passando fome. Outra pesquisa, realizada no ano passado, dava conta que esse número era de mais de trinta milhões de pessoas. Onde as duas pesquisas batem é no total de pessoas vulneráveis a fome. Ambas chegam em setenta milhões de brasileiros.

É um número inacreditável! Um número dramático, triste e vergonhoso. Não tem cabimento um país como o Brasil estar nesta situação. Que fica pior quando lembramos que metade da população vive com até um salário-mínimo por mês.

Mais grave do que tudo, não há no curto prazo nenhuma medida para reverter o quadro. Há o novo Bolsa Família e seus seiscentos reais, mais penduricalhos, promessa de campanha política, que, na falta de um plano, pelo menos ajuda a mitigar a fome.

A pergunta que fica é como chegamos neste patamar. Trinta anos atrás, o país tinha tudo para dar certo. O Plano Real resgatava a economia e colocava a nação na rota do desenvolvimento. Onde foi que erramos?

Erramos na condução da vida nacional, na politicagem e na bandalheira que correram soltas, na demagogia barata, na tentativa de emplacar a visão estúpida e distorcida de um mundo que nunca deu certo, nem quando foi sonhado, na década de 1950.

Erramos na falta de um programa de saúde pública que atenda preventivamente as necessidades da população. Numa escola que forme bons alunos. Em programas de assistência social que não tenham medo do inferno, nem das ameaças obscurantistas que condenam o país a ter um número absurdo de abortos clandestinos e feminicídios.

Está tudo errado, isso nós sabemos. Só que não adianta ficar no discurso. É preciso começar a fazer de verdade e mudar este quadro.   

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.