Eu sou rio
Quem anda para trás é maré vazante. Eu sou rio, nunca passo duas vezes no mesmo lugar, sigo em frente no ritmo do leito, levando em conta a geografia, a topografia o claro e o escuro das margens.
Se me perguntam se sinto saudade de um passado mais bonito, pergunto o que é saudade. Se for a vontade de viver de novo uma vida que já passou, então com certeza não sinto saudade.
Gosto de lembrar da minha vida. Por isso todas as manhãs, a primeira coisa que faço é agradecer. Agradecer por tudo que eu tive, por tudo que tenho, pelo que faço e pelo que vivo.
Deus me poupou de guardar as lembranças tristes ou o lado feio da vida. Então, o que eu tenho são lembranças boas de um tempo bonito, com gente legal, onde as coisas aconteceram pra deixar a vida alegre e a possibilidade do amanhã uma imensa aventura.
Lembro de tantas coisas boas que a melhor definição pros meus sentimentos é a sensação quente que eu sinto dentro da alma toda vez que sinto cheiro de pão assando.
Ou quando sinto o cheiro, um pouco antes do primeiro gole, de chocolate quente fumegando dentro da xícara.
E o que dizer da primeira mordida num pão quentinho com bastante manteiga. Me faz lembrar dos acampamentos do CPOR, nos idos de 1971, onde o café da manhã era uma caneca de com café com leite saindo fumaça e um pão com margarina.
A vida é uma sucessão de atos, fatos ações e omissões. Tem o bom e o mau, o feio e o bonito. Na soma e na subtração do que eu vivi, minha vida é muito boa, mas não quero voltar pra lugar nenhum. Quero é tocar para a frente. Ver novos pores do sol nos fins de tarde da vida.
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