As Azaléias chegaram
Não há dúvida, as azaleias chegaram dispostas a enfrentar os ipês de igual para igual. É briga de cachorro grande e quem ganha é a cidade. De um lado os ipês, árvores de porte, de outro, as azaleias, arbustos mais ou menos grandes, os dois dispostos a mostrar que é o melhor e que é mais bonito e mais importante para a cidade.
Quem pensa que planta não tem sentimento nunca viu uma paineira apaixonada por um sabiá ou um joão de barro fazer charme para um pau ferro.
Sentimento não é exclusividade humana. Preste atenção no seu cachorro. Veja como ele olha, como mexe as orelhas, como fica alegre ou amuado e me diga se é ou não é sentimento. Pois é, se os animais têm sentimento, por que as plantas não teriam?
Têm! E os ipês e as azaleias estão mostrando isso nas flores deslumbrantes que cobrem seus galhos. Os ipês são mais variados. Têm quatro tipos, o roxo, o amarelo, o branco e o rosa, então jogam com a variedade para aumentar a sensação de presença, de participação na vida urbana. Onde a coisa complica para eles é que as floradas normalmente acontecem em sequência, então nem sempre conseguem ocupar o mesmo espaço ao mesmo tempo.
As azaleias são menos variadas. Começam em tons de rosa e vão até o branco, passando por espécies vermelhas, que se sobressaem, mas fazem questão de dizer que sem conotação política.
São vermelhas que nem o vermelho da bandeira da França ou da Union Jack. Não tem nada com os partidos de esquerda e muito menos com a estrela vermelha dos antigos comunistas.
As azaleias não se envolvem em política humana. Chega a briga de foice com os ipês. É muito esforço, mas vale a pena.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.
Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.