Viajar de metrô
Viajar de metrô por baixo da cidade parada é uma festa e uma vingança. Eu sei que tem gente que vai dizer que não é bem assim, que, dependendo da hora, é uma viagem ao purgatório e que a coisa complica muito quando os trens param, seja lá pela razão que for.
Não discuto, é verdade. Milhares de pessoas são prejudicadas cada vez que um acidente dessa natureza para ou atrasa as composições. É vergonhoso ver milhares de cidadãos se apertando, na espera de ônibus que não vêm. Ou, quando chegam, chegam lotados e não param nos pontos porque a quantidade de pessoas em seu interior é comparável ao que acontece nas latas de sardinha.
Eu sei que não é a melhor forma de tratar milhões de paulistanos que trabalham, que não andam no metrô e nos trens por brincadeira, mas porque precisam ganhar o pão nosso de cada dia e a forma de chegarem aonde precisam é usando os trens.
Tem muito para ser feito para melhorar a qualidade dos serviços oferecidos, que, diga-se de passagem, já foram exemplo para o país e um dos melhores do mundo.
A cidade cresceu, as linhas não acompanharam o crescimento, depois veio a pandemia e esvaziou a cidade e por aí vamos, numa longa sequência de fatos que explicam o que acontece, mas não justificam.
Mas viajar de metrô fora dos horários de pico é uma delícia e uma vingança contra a incompetência que administra nosso trânsito e nos obriga a ficar parados por horas a fio nas ruas congestionadas.
Viajar de metrô em trens com um número razoável de passageiros, sentado durante o percurso, faz bem pra alma, desopila o fígado, nos acalma e humaniza. Faz até pensarmos que moramos num país civilizado, onde as coisas são mais simples e dar conta da vida não é tão complicado.
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