Carros do meu passado
Às vezes eu me pego pensando nos carros de meu pai quando eu era criança e quando era jovem e morava na sua casa.
A lembrança mais antiga é de um Ford 1952, placa 25.274. Me lembro minha mãe e eu indo no Fórum buscar meu no final da tarde. Depois foi uma Kombi, carro fundamental por uma série de razões, mas a principal é que era uma das únicas formas de se chegar em Cananéia, onde meu pai tinha uma casa com dois primos, para pescarem robalos. Foi nessa Kombi que eu aprendi a guiar. Meu pai entrava com ela na areia da então quase deserta Praia da Enseada, no Guarujá, e eu assumia o comando, com ele me ensinando a dirigir.
Depois ele teve uma perua DKW Vemag, modelo Rio, a primeira em que as portas abriam como abrem as portas da maioria dos carros. Nas anteriores, as portas abriam da frente para trás. Sua característica era a “roda solta”, uma alavanca que você soltava e a perua rodava sem o freio do motor. Eu dirigia essa peruinha pelas estradas da fazenda.
Na sequência, foram dois Aero Willys 2600, com intervalo de dois anos entre eles. Esses, meu pai chegava na fazenda e me dava as chaves. No fim de semana o carro era meu. Com o segundo, uma vez eu errei uma curva e acabei entrando numa plantação de uvas. O carro foi firme, arrancando uns quatro mourões, até parar. A lataria era tão forte que, apesar do estrago, o carro não amassou. Voltei para a fazenda, o lavei e tudo bem.
Depois foram dois Fordes Galaxie. Carros extraordinários, com motor V8, direção hidráulica, ar-condicionado, foram os melhores carros da época.
Então, em janeiro de 1971 eu ganhei meu primeiro carro, um Opala Especial 2500, verde amazonas, com toca fitas de carretel. Foi um carro fantástico. Rodei, em dois anos, mais de cem mil quilômetros em estradas de todos os jeitos, sem nunca ter um problema mais sério do que furar o pneu.
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