Rotinas
Os ipês começam a partir. Ainda faltam os rosas, mas é coisa breve, mais um mês e o ciclo deste ano acaba. Depois virão os jacarandás mimosos. Bem-aventurada Maria Adelaide Amaral, que mora numa rua arborizada com eles, que nesta época tingem o céu com a cor dos sonhos.
Rotina e rotina e rotina, a vida segue em frente em seu ritmo alucinado de corrida de um lugar para o outro, presa no trânsito que não anda. Não anda, meu Deus, não anda!
O que seria de nós se não fosse a CET e sua reconhecida incapacidade de fazer seja lá o que for em nome do bem dos cidadãos e cidadãs que habitam a metrópole e precisam se locomover para trabalhar, ir ao mercado, ao supermercado, à quitanda, à feira, à loja de sapatos e mais tantos lugares indispensáveis e únicos, aonde só se chega depois de muita luta, muita paciência e muita espera.
Quem sabe se não construíssem tantos prédios o clima seria mais amável. Pelo menos haveria mais sol iluminando a vida, ou a falta dela atrás das janelas dos apartamentos, nos barracos à beira dos trilhos de trens, nos bares e lanchonetes, nas calçadas esburacadas, algumas com mesas e cadeiras prometendo o chope gelado no fim da tarde.
Obras e mais obras se encarregam de parar o que antes se arrastava, na sanha infindável de tapar os buracos nas ruas, recapear as pistas, preparar tudo para a grande surpresa do Natal.
Enquanto Papai Noel não chega, D. Pedro I abre espaço para o Marechal Deodoro da Fonseca, que até hoje não sabe por que proclamou a República. Ele era monarquista! Tanto faz, é mais um feriado.
Entre secos e molhados, o atual presidente comprou praticamente todo o apoio que lutaria até a morte em nome das ideias do ex-presidente. Política é isso. Chora menos quem paga mais.
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