Pistas de teste
Uma parte da cidade segue esburacada, outra parte está sendo asfaltada para tapar os buracos e tem uma terceira parte que segue esquecida e é a que importa.
Composta por ruas de bairro não necessariamente próximas, ela tem um papel fundamental na tomada de decisões para o desenvolvimento das relações internacionais brasileiras, neste momento vivendo uma quadra delicada em função do ritmo dado ao mundo por gente muito mais poderosa, rica e capaz de fabricar engrenagens para câmbio de bicicleta, que nós importamos porque nossa indústria foi sucateada ao longo das últimas décadas.
Nenhuma delas é grande, longa ou larga. Ruas típicas de bairros, tem quem diga que o estado em se encontram é uma tentativa de recriar as condições urbanas da antiga Vila de Piratininga no século 18. Tem quem diga que não, a intenção é recriar a realidade do século 17. E os que ponderam que é muito mais razoável mostrar as condições do século 19, quando a cidade começa a explodir em seu desenvolvimento desenfreado, rumo à megalópole de hoje.
Tudo é possível e não há razão para haver uma única razão por trás de tudo que acontece de bom e de ruim ao seu redor. Então pode ser que seja, como pode ser que não seja e aí o buraco é mais embaixo.
Uma corrente enxerga no estado lastimável dessas ruas uma tentativa de criar esconderijos para os presentes ganhos e não declarados pelas nossas altas autoridade.
E há uma linha diretamente contrária que vê em suas condições lamentáveis pistas secretamente desenhadas para criar campos de provas para veículos militares que, passando por elas sem quebrarem, podem ser exportados como a solução mais resistente em qualquer campo de batalha.
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