Em época de aquecimento global

[Crônica de 4 de janeiro de 2010]

Em época de aquecimento global nem mesmo as árvores são confiáveis. Que o digam as duas jabuticabeiras da minha casa. Nem bem acabaram sua safra normal, diga-se de passagem, uma carga bem chinfrim, floriram e frutificaram de novo, com uma safra muito mais consistente, daquelas de cobrir os galhos mais grosso quase que completamente.

E se as plantas não são confiáveis, o que dizer do clima. Este começou a dançar num ritmo improvisado, numa clara demonstração de absoluta insatisfação e que não quer mais o que tinha até aqui.

Ou seja, vale tudo e quem for esperto ocupa espaço, apoiado no descontentamento das forças naturais, seriamente dispostas e explodir com a ordem constituída.

Tanto faz se tem crise ou não tem crise, o buraco é muito mais embaixo.

E as pessoas começam a descobrir isso e por isso fica difícil negociar com quem quer que seja amparado no velho fio de bigode.

Em primeiro lugar os bigodes estão fora de moda, e, em segundo, quem ainda os tem não está disposto a arrancá-los para garantir a palavra dada. Muito pelo contrário.

Qual a relação da subida do nível dos oceanos e da mudança de posição de gente firme, ou tida como firme, ainda não está claro, mas que há, há, ou como dizia um antigo líder sindical: “pode ser que não esteja hajando, mas que harará, harará”.

Como será o amanhã? Quem sou eu para saber. A única coisa que eu tenho certeza é que há mais coisa entre o céu e a terra do que concebeu nossa vã filosofia. Ou nossos fantasmas.

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