A Campinas do Dr. Vieira Bueno
[Crônica de 25 de outubro de 2005]
Existem diferentes formas de se conhecer a história. A mais antiga é a tradição oral, aonde realidade e mito vão se confundindo, criando os heróis e os mártires que depois a segunda forma consolida na expressão mais bela da narrativa histórica: a poesia. A poesia que eternizou a guerra de Tróia nos versos da Ilíada e da Odisseia, a poesia que faz um Tiradentes mais bonito no Cancioneiro da Liberdade, de Cecília Meirelles.
A terceira é a história no macro. O estudo profundo dos grandes movimentos que alteram a ordem das coisas e recolocam as nações no concerto do mundo. São os grandes livros que devassam os grandes momentos, mostrando a evolução do homem como se todos os dias fossem 7 de setembro, ou 9 de julho, ou 15 de novembro.
É aí que surge a quarta forma de se mostrar a história. A história de quem é parte da história em suas rotinas diárias, no cotidiano vivido entre nasceres e pores do sol que não são sequer percebidos. A história das pessoas que fazem a história é a história mais humana porque trata de gente, de como viviam, o que faziam, como faziam, seus defeitos e qualidades.
É um livro assim que meu amigo José Antonio Vignoli acaba de lançar, depois de um estudo minucioso e profundo sobre seu bisavô, Dr. Manuel de Assis Vieira Bueno, um dos maiores médicos brasileiros do século 19 e herói incontestável da luta por um povo mais saudável.
“A Campinas do Dr. Vieira Bueno” resgata um pedaço mal contado da vida paulista, quando Campinas, que ia se tornando a cidade mais rica do estado e ameaçando a hegemonia da capital, é abafada por duas epidemias de febre amarela que dizimam sua população. O Dr. Vieira Bueno é o herói dessa saga que vale a pena ser conhecida.
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