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Jabuticaba e pitanga

Tem gente que diz que bom, mas bom mesmo, é comer jabuticaba no pé. Tem também quem diga que o bom é comer pitanga no pé. Eu digo que melhor ainda é comer pitanga e jabuticaba no pé, na sequência, no mesmo dia, depois de fazer minha caminhada matinal, logo cedo, num dia de primavera, fresco e com o céu azul.

Jabuticaba é jabuticaba, uma invenção da natureza brasileira, que não vinga em outro país, aliás, que não vinga nem em outra região brasileira, senão a região demarcada naturalmente, na qual São Paulo fica no meio. Não adianta procurar jabuticaba no Amazonas, não vai ter.

Já as pitangas eu não sei se são tão exclusivas assim. Não sei se são uma invenção regional ou se existem em outros países ou outras regiões brasileiras. Poderia procurar no google, mas deixo isso para quem tiver curiosidade no tema. Da mesma forma que deixo aos interessados pesquisarem sobre a família dos borrachudos.

Para mim, o importante é que tenho jabuticaba e pitanga ao alcance das mãos, sem ter que me afastar muito da minha casa. E o melhor é que, este ano, pela multiplicação das cargas de jabuticaba, as jabuticabas e as pitangas se encontraram no tempo e eu pude comê-las no mesmo dia, uma depois da outra, começando com as pitangas para acabar com as jabuticabas, apesar do tempo oficial das jabuticabas já ter passado. 

Tem quem diga que as duas frutas se encontrarem é um sinal preocupante, algo que confirma que o El Niño este ano está mais complicado e que as chuvas torrenciais que vão subindo pelo Brasil são a materialização do encontro das duas frutas no universo das tempestades fora de padrão que assolam o país.

Pode ser que sim, pode ser que não. A diferença é que as frutas não expõem a fornecedora da energia elétrica e a sua proverbial incompetência.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.