Um novo modelo
Já senti muito calor em Marabá, Tefé e Porto Velho. Suei um lago de Itaipu em Manaus e outro em Cuiabá.
Pra quem acha que Araçatuba é quente, o calor que eu passei em Birigui fez o de Araçatuba parecer um dia de primavera.
Ribeirão Preto se orgulha do calor e da terra roxa que entra na pele e não sai, mas Uberaba, se não tem a terra roxa de Ribeirão, não fica devendo nada para o calor. É capaz até de levar alguma vantagem.
Tem gente que vai dizer que estou delirando, mas o calor que eu senti no verão de Roma e, depois, em Lisboa, não faz feio diante de nenhum calor brasileiro. E para quem acha que aí já é exagero, durante uns poucos dias, senti um calor abissínio em Berlim.
É verdade que também já senti frio. O mais frio de todos os meus frios foi em Hamburgo, menos 25 graus. E peguei menos 12 ou coisa que o valha em Paris. Para não falar em Nova Yorque, Filadelfia e Buenos Aires, onde zero graus é brincadeira.
Quem acha que o Brasil não tem isso, já passei frio em Gramado, senti zero graus em Louveira e vi os canos de água congelarem numa fazenda em Mirandópolis.
Mas era um calor e um frio que seguiam uma rotina, tinham uma lógica óbvia, que se repetia com mais ou menos intensidade, ano depois de ano, estação depois de estação.
Agora a coisa mudou. Não que não tenha uma lógica óbvia, mas é uma lógica nova, que nós ainda não conhecemos bem e que tem causado estragos gigantescos em todas as partes do planeta.
Só que, como diria William Scott Pitt, os outros são problemas deles. O que me importa é o que acontece aqui, o que dói em mim. E, pelo jeito que o calor tá chegando, a coisa vai ser brava.
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