Intergaláctico
[Crônica de 27 de setembro de 2013]
A NASA confirmou que a nave Voyager 1 saiu do sistema solar e entrou na imensidão do cosmos, colocando o homem além dos limites imagináveis 8 mil anos atrás, quando as primeiras leituras do céu foram feitas por nossos antepassados.
Agora, o fim do universo é o limite. Além das sombras dos dinossauros; além da imensidão do espaço entre as estrelas; além da distância de Andrômeda, onde a poesia vive como uma constante matemática e o meu amor tapa os buracos negros; lá, a partir de agora, a Voyager promete a possibilidade do sonho como alternativa para as tempestades cósmicas que varrem os astros e atiram asteroides na cauda dos cometas.
A distância percorrida é tão imensa que os sinais da nave levam 17 minutos para atingir a Terra. Bilhões de quilômetros percorridos traçam um novo rumo no mapa das galáxias. Uma cicatriz corta a luz, reflete o vácuo enquanto o ser humano se transfigura no voo solitário da nave que na década de 1970 partiu com a missão de fotografar os grandes planetas mais distantes da Terra.
Daqui pra frente a lua cheia será menos impressionante. Cada vez que ela surgir no céu dirá também que, em algum lugar muito além da nossa visão, uma nave espacial vara a imensidão, levando em placas de cobre e ouro os sinais necessários para quem a encontrar poder tentar entender o que é, de onde veio e quem a construiu.
Semideuses, a eternidade é apenas uma curva no final das paralelas. Além delas, para lá dos sonhos, a esperança voa em alta velocidade, pulsando no mesmo ritmo do amor batendo mais forte na imensidão de minha alma.
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