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O Brasil fica mais velho

Não há discussão, o Brasil está envelhecendo antes do que deveria. É um quadro complicado, que deve ficar mais complicado nos próximos anos. Por várias razões.

A primeira é que o fenômeno é fruto de uma soma de situações nas quais o aumento da expectativa de vida dos mais velhos e o menor número de nascimentos faz a conta fechar com o envelhecimento da população. 

É a tempestade perfeita arrebentando o que falta arrebentar na previdência social brasileira. De um lado, o aumento do tempo dos pagamentos dos benefícios; de outro, a redução do número de contribuintes. Mais pagamentos com menos arrecadação dá menos dinheiro no caixa e uma complicação extra para o governo, que segue fazendo de conta que tudo vai bem, quando de verdade não vai e os mais afetados são justamente os mais pobres, que o Presidente jura que defende.

Durante muitos anos, era comum os pais cuidarem dos filhos enquanto estes eram moços e depois os filhos cuidarem dos pais, quando eles envelheciam. A fórmula não funciona mais. Os filhos cada vez menos estão dispostos a sustentar os pais, ou porque simplesmente não querem assumir a conta, ou porque não têm como assumir a conta, na medida que seus rendimentos minguam a olhos vistos. Isso quando não perdem o emprego e ficam sem dinheiro para as próprias despesas.

É incrível, mas cada vez mais são os idosos que sustentam os jovens. Por conta das distorções sociais e da realidade econômica nacional, invariavelmente, é a aposentadoria dos pais ou mesmo dos avós que sustenta a vida dos filhos e dos netos.

É um quadro muito ruim, até porque as aposentadorias brasileiras não são famosas pelo que pagam mensalmente. O duro é que não tem o que fazer. Os velhos ficarão mais velhos e os moços seguirão sem emprego.

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Crônicas da Cidade vai ao ar de segunda a sexta na Rádio Eldorado às 5h55, 9h30 e 20h.

Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.