O Brasil fica mais velho
Não há discussão, o Brasil está envelhecendo antes do que deveria. É um quadro complicado, que deve ficar mais complicado nos próximos anos. Por várias razões.
A primeira é que o fenômeno é fruto de uma soma de situações nas quais o aumento da expectativa de vida dos mais velhos e o menor número de nascimentos faz a conta fechar com o envelhecimento da população.
É a tempestade perfeita arrebentando o que falta arrebentar na previdência social brasileira. De um lado, o aumento do tempo dos pagamentos dos benefícios; de outro, a redução do número de contribuintes. Mais pagamentos com menos arrecadação dá menos dinheiro no caixa e uma complicação extra para o governo, que segue fazendo de conta que tudo vai bem, quando de verdade não vai e os mais afetados são justamente os mais pobres, que o Presidente jura que defende.
Durante muitos anos, era comum os pais cuidarem dos filhos enquanto estes eram moços e depois os filhos cuidarem dos pais, quando eles envelheciam. A fórmula não funciona mais. Os filhos cada vez menos estão dispostos a sustentar os pais, ou porque simplesmente não querem assumir a conta, ou porque não têm como assumir a conta, na medida que seus rendimentos minguam a olhos vistos. Isso quando não perdem o emprego e ficam sem dinheiro para as próprias despesas.
É incrível, mas cada vez mais são os idosos que sustentam os jovens. Por conta das distorções sociais e da realidade econômica nacional, invariavelmente, é a aposentadoria dos pais ou mesmo dos avós que sustenta a vida dos filhos e dos netos.
É um quadro muito ruim, até porque as aposentadorias brasileiras não são famosas pelo que pagam mensalmente. O duro é que não tem o que fazer. Os velhos ficarão mais velhos e os moços seguirão sem emprego.
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