Capivara é capivara
Elefante é elefante, rinoceronte é rinoceronte, baleia azul é baleia azul. Todos são grandes, mas cada um é cada um, não se confundem, não se misturam, não falam a mesma língua.
Da mesma forma, anta é anta e capivara é capivara. Por isso, na USP não tem antas, apenas capivaras, pelo menos na forma, respeitadas as tipicidades do reino animal.
Sucuri come anta e capivara, onça come anta e capivara, mas onça é onça e sucuri é sucuri. Cada uma na sua, ocupando seus espaços, sem dar mole porque, em rio que tem piranha, jacaré nada de costas.
As capivaras são os maiores roedores do mundo, ratões desembestados, com dentes enormes na frente e um ar pacato, que se transforma se alguém chega perto. Capivara não é muito inteligente, mas, na hora do aperto, larga tudo pra trás e se defende como dá.
Entre as mesmas qualidades dos ratos de rua e das capivaras, está a imensa capacidade de se reproduzir. É andar pelo Estado de São Pulo para ver que os animais levam isso ao pé da letra. Tem capivara espalhada por todo canto, pastando em bandos cada vez maiores.
A culpa dessa invasão descontrolada é nossa, do ser humano. Nós praticamente acabamos com as onças, sucuris e piranhas que habitavam o Estado. O resultado é este: a proliferação alucinada das capivaras.
A Cidade Universitária da USP é um bom campo de estudos, um microcosmos onde as realidades da vida moderna estão à mostra e permitem entender o que está acontecendo na natureza.
Já sugeri soltarem umas duas onças e outras tantas sucuris para garantir o equilíbrio ecológico. Mas como até agora não me ouviram, as capivaras nadam de braçada e se reproduzem com a fúria dos ratos, sabendo que, como vai, no final elas serão as vitoriosas.
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