Músicos brasileiros barrocos
Uma das maravilhas de ser amigo do maestro Júlio Medaglia é a oportunidade de ouvir histórias fantásticas, envolvendo o mundo da música e o seu entorno. Começando pela história dele próprio, nome fundamental na música brasileira atual, tanto clássica como popular.
Júlio Medaglia foi o arranjador de boa parte das músicas do “Tropicalismo”. E, de outro lado, é o maestro que, com seu programa “Prelúdio”, abre portas para jovens do Brasil inteiro mostrarem seu talento e iniciarem suas carreiras na música clássica, vários deles atualmente tocando em orquestras do mais alto nível na Alemanha, Rússia e Israel, para não encompridar muito a história.
Além de maestro, arranjador, compositor e descobridor de talentos, Júlio Medaglia é um estudioso, um pesquisador da música brasileira. Foi assim que ele participou da excursão que retirou do esquecimento mais de mil partituras de músicas barrocas brasileiras, compostas em Minas Gerais, na época do ciclo do ouro, no século 18, por compositores negros e mulatos.
A história dessa história é maravilhosa e passa pela longa viagem ao interior de Minas Gerais, batendo de porta em porta, para comprar papéis velhos jogados em armários nas tulhas, que trouxeram à luz as sofisticadas partituras e que, até eles os descobrirem, eram usados para fazer rojões ou forrar capas de livros.
As composições redescobertas, a maioria música sacra, são preciosas e mostram uma música tão rica e perfeita quanto a feita na Europa na mesma época. Todavia muito pouco se sabe sobre a vida de seus compositores, exceto que eram pretos e mulatos que conheciam profundamente música e as técnicas de composição.
Graças a Júlio Medaglia, hoje, estudiosos brasileiros estudam esse rico legado. Falta o povo saber que ele existe e se orgulhar dele.
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