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D. Pedro I compositor

O Brasil é um país curioso. Entre nossas manias está debochar do passado, reduzindo nossos homens públicos e os eventos da nossa história, como se não tivessem grandeza e os fatos não tivessem importância.

É assim que o Maestro Júlio Medaglia e eu não nos conformamos com o desenho regularmente aceito de que D. Pedro I era um boçal e um “filhinho de papai” interessado apenas em vagabundear e sair com as mocinhas e mulheres do Rio de Janeiro.

D. Pedro I falava várias línguas; habilmente proclamou a independência do Brasil; depois, com José Bonifácio, criou o Império do Brasil; manteve unidas terras que mal e mal tinham ligação uma com as outras, dando forma ao novo país; outorgou a mais longeva constituição que já tivemos; e, entre outras inovações, tinha planos de, a partir de 1830, abolir a escravidão numa série de ações ao longo do tempo até terminar com o sistema e transformar o Brasil numa nação de homens livres.

Não conseguiu. Foi obrigado a renunciar, retornou à Europa, reconquistou o trono português, foi o Rei D. Pedro IV e, antes de morrer, ainda foi convidado a assumir o trono da Grécia.

D. Pedro I foi também um grande compositor, reconhecido na Europa, tendo suas obras regidas por Rossini, em Paris. Quem conta essa história é o livro maravilhoso que o Maestro Júlio Medaglia me deu de presente.

“Já Raiou a Liberdade”, de Rosana Lanzelotte, é um livro especial porque conta a história de Portugal e do Brasil na primeira metade do século 19, inserindo na narrativa o desenvolvimento e a obra musical de D. Pedro I, desde o jovem aluno de Marcos Portugal, o grande compositor português, e Neukomm, músico austríaco, discípulo e herdeiro musical de Haydn, até suas grandes composições, entre elas, o Hino da Independência. 

Obrigado, Maestro, nossa história é mais bonita do que imaginam.

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Antonio Penteado Mendonça

Advogado, formado pela Faculdade de Direito Largo São Francisco, com pós-graduação na Alemanha e na Fundação Getulio Vargas (FGV). Provedor da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (2017/2020), atual Irmão Mesário da Irmandade, ex-presidente e atual 1º secretário da Academia Paulista de Letras, professor da FIA-FEA e do GV-PEC, palestrante, assessor e consultor em seguros.