O centenário de Santa Luzia
[Crônica de 12 de dezembro de 2001]
A capela de Santa Luzia, escondida atrás do Tribunal de Justiça, no coração do centro velho de São Paulo é uma das igrejas mais simpáticas e charmosas da cidade.
Já falei dela e do encanto de suas linhas simples. Da vontade de falar com Deus que as pessoas sentem em seu interior. Da paz que emana de sua luz suave e de seu altar, rico para o porte da igreja.
Santa Luzia é uma igreja muito procurada por causa da fama de sua padroeira e dos milagres de que ela capaz; e da ajuda que ela presta aos devotos aflitos que entram na capela atrás de consolo para os males do corpo e do espírito, carregados de fé e da certeza da santa cura-los.
Como o nome diz, a igreja é de verdade uma capela. Construída em estilo gótico, curiosamente ela combinou com São Paulo, não como a Saint Chappelle com Paris, mas como uma igreja de cidade de interior com uma cidade que já foi de interior, numa região que lembra cidade do interior, quando sentida de dentro da igreja.
Do lado de fora de Santa Luzia ficam a violência, a sujeira, o feio e a brutalidade da vida moderna na cidade grande.
Dentro brilha humilde a luz da calma e do talento de um padre que há 50 anos é padre, sem nunca ter deixado de ser homem, ou aspirado a ser porta voz da sabedoria divina, e que é o pároco da pequena capela de Santa Luzia, onde cada fiel encontra uma palavra de amparo e um gesto de carinho.
Dia 13 de dezembro Santa Luzia está completando 100 anos. Um século, cujas marcas podem ser vistas por dentro e por fora, principalmente nas obras de restauro que há dois anos vão sendo feitas, e que já permitiram recuperar o telhado e o forro, mas que ainda vão se estender por um bom tempo, até tudo ficar pronto, mesmo com o arcebispo da cidade, às 8 horas da manhã do próprio dia 13, rezando a missa do centenário.
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