João Ramalho
[Crônica de 31 de janeiro de 2003]
Se existe alguém que efetivamente participou diretamente da fundação de São Paulo, esse alguém se chama João Ramalho. Sem ele, São Paulo não existiria, pelo menos do jeito que existe, e com a história que tem.
Primeiro branco a se instalar no planalto, ninguém sabe ao certo quando ele subiu a serra, nem quem foram os outros europeus que o acompanharam, nem como se casou com Bartira, a filha de Tibiriçá, o poderoso cacique tupi que controlava grande parte das terras de Piratininga.
O certo é que antes de 1532, quando Martim Afonso chega ao litoral de São Vicente, João Ramalho já estava instalado nas terras do sogro e desce até Santos, para levar o capitão português para conhecer seus domínios e as possibilidades que se abriam interior adentro, seguindo o rumo dos estranhos rios que não corriam para o mar.
Foi graças a ele que naquele ano os dois primeiros núcleos do que viria ser São Paulo entram na história do Brasil, mesmo contra a vontade de tanta gente que nasceu séculos depois.
A vila de Piratininga, fundada por Martim Afonso, na beira do Peabiru, para defender São Vicente e Santo André da Borda do Campo, onde João Ramalho já morava e que se transforma em vila poucos anos depois, quando os europeus se mudam todos para ela.
E é ele também quem leva Nóbrega a subir a serra em 1553, para fundar em agosto daquele ano a primeira escola dos jesuítas no Planalto.
Sem João Ramalho, nem Martim Afonso, nem Manoel da Nóbrega teriam se instalado em Piratininga e Tibiriçá não daria sua outra filha para esposa de um irmão que deixa a ordem, com ordem de Roma.
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