A história do universo recontada

[Crônica de 29 de maio de 1998]

Uma das maiores maravilhas da ciência moderna é a rapidez com que a história do universo vai sendo recontada, em função de novas descobertas que alteram tudo o que era tido como válido até pouco tempo atrás.

A começar pela sua expansão que vai sendo revista em função de novas medições que provam que ela não é homogênea, nem constante, até o surgimento da vida no planeta terra, as verdades e os dogmas válidos até ontem deixam de valer hoje, substituídos por provas irrefutáveis que os fazem tão anacrônicos como a visão da terra como um enorme prato apoiado no dorso de elefantes.

É um momento maravilhoso em que nossa existência, em acordo com a existência d todo o universo, passa por uma revisão fantástica onde a vida em marte pode ser possível e a vida na terra não depende de água, nem de oxigênio para prosperar.

Do meio de vulcões ativos, entre rochas de granito, nos abismos do mar, formas de vida inimagináveis e tidas por impossíveis vão sendo arrancadas para as páginas das revistas especializadas, subvertendo o que se imaginava essencial para a sua formação e abrindo o universo para uma aventura muito mais complexa do que a até então imaginada.

Onde estarão nossos irmãos? Como serão? Será que os cálculos de possibilidade da existência de vida em outros planetas ainda resistem a uma crítica séria?

O tema é fascinante. A simples possibilidade de haver vida em marte já nos apavora e atrai. Como a pegada vista por Robinson Crusoé nas areias da praia, ela nos diz, de forma contundente, que não estamos sozinhos.

Que em vários lugares, alguns muito mais perto do imaginávamos, formas de vida quem sabe mais inteligentes e evoluídas, nos espreitam, com medo ou com curiosidade, da mesma forma como nós nos sentimos em relação a elas.

Como será e onde será o encontro? Quem viver verá – mas desde já, eu rezo para que não seja como foi o do homem branco com todos os outros povos com os quais ele entrou em contato.
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