As igrejas que eu não conheço

[Crônica de 18 de abril de 2001]

O Pari com certeza tem sua igreja. E o Jaçanã, e Vila Ema, e Vila Clementino. O Ipiranga com certeza tem mais de uma igreja. Como Interlagos também deve ter a sua. E o Peri Peri e tantas outras regiões e bairros de São Paulo.

Esta cidade é um universo. Um mundo dentro do mundo, capaz de engolir serras e vales, e rios inteiros, fazendo-os desaparecer dentro de canos e em piscinões enterrados, como os tesouros dos piratas.

Mas, mais do que um universo, São Paulo é o grande templo que abriga, como um antigo templo romano, todos os deuses e todos os credos, inclusive os desconhecidos.

Cada bairro citado acima tem no mínimo uma igreja católica, e isso quer dizer que apesar de toda quarta feira eu trazer uma igreja diferente numa crônica diferente, ainda estou longe de chegar perto do fim da missão de apresentar todas as igrejas católicas da cidade.

Aliás, seria pretensão imaginar que é possível elencar, sem auxílio da Cúria, todas as igrejas erguidas na cidade. Elas são, com certeza, centenas; boa parte construída em lugares que eu nunca ouvi falar, nem tenho a mais vaga ideia de como se chega.

Tanto faz, o importante é tocar em frente e tentar descobrir o maior número possível delas, e assim tentar ter uma pálida ideia do que a igreja de Roma, a mais antiga de todas as igrejas instaladas em São Paulo, tem na cidade.

Onde ela está, aonde ela vai, aonde não chega e por quê?

Como ela vai ou como ela foi, quem a auxiliou, e quando. 

Descobrir se são construções bonitas, se são feias, se têm charme, se são antigas ou novas, se vieram em lugar de outra que existia antes, ou se foram construídas saindo do nada, num lugar novo onde a hóstia sagrada ainda não havia chegado.

É por isso que a ajuda do ouvinte é importante.

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