Pasme, a dengue é benigna
Semana passada correu pelas redes sociais uma notícia que dava conta que o vírus da dengue é primo do vírus da Hepatite C e que ele é – e sempre foi – benigno.
Como não sou infectologista, não posso dizer se eles são mesmo parentes, mas, sem ser infectologista, eu garanto que o vírus da dengue nunca foi, nem tem pretensão de ser benigno para o ser humano. Aliás, exatamente como vírus da Hepatite C.
É verdade, tudo é relativo e absurdos podem brotar de mananciais inesperados e chegar ao ponto de comparar o holocausto nazista com o que está acontecendo em Gaza.
A dengue é tão benigna quanto o que está acontecendo em Gaza é um holocausto. A falta de medida minimamente razoável faz parte dos disparates de todos os tipos que viajam pelo mundo moderno.
Por outro lado, não gostaria de ser dono da verdade e não analisar outros lados do mesmo problema. Quem sabe a peste negra seja um bom começo. Dependendo do ponto de vista, a peste negra foi, sem dúvida, altamente benigna. Graças a ela, uma grande parcela da população do planeta morreu de peste e a consequência direta disso foi que os mortos pela peste não morreram de fome, outra causa da alta mortalidade europeia durante séculos e séculos.
Se a medida para a quantificação da benignidade for o controle da natalidade e a redução do número de pessoas no planeta até o ano 2050, com certeza a ação da dengue é altamente benigna. Assim como a ação da covid19, dos acidentes de trânsito, do consumo de drogas e das guerras.
Agora, se a análise partir do princípio de que o bom é o bem-estar do ser humano, então, com certeza, a dengue não é benigna. E uma estupidez dessa natureza só pode ser entendida como o que ela é: uma estupidez.
___
Siga nosso podcast para receber minhas crônicas diariamente. Disponível nas principais plataformas: Spotify, Google Podcast e outras.