A Casa do Bandeirante de manhã cedo
[Crônica de 1 de fevereiro de 2001]
A praça Monteiro Lobato é um lugar calmo, com árvores grandes e bonitas, perto da marginal Pinheiros. Sem ser muito grande, a praça ocupa um quarteirão do Butantã, olhando de frente a avenida ensandecida e o rio assassinado, que o projeto Pomar tenta salvar.
Toda arborizada com algumas paineiras lindas, e outras árvores tipicamente brasileiras, a praça Monteiro Lobato atrai uma infinidade de passarinhos que eu escuto e vejo quando faço meu exercício nas suas imediações.
De pardal a tico-tico, passando por todos os tipos de sabiás, rolinhas, almas de gato, bem-te-vis e mais um bando de pássaros que eu não sei o nome, e que o Zé Santinho, meu antigo professor de mato, chamaria de “passarinhos bobos do brejo”, o lugar abriga e alimenta centenas de aves, algumas lindas, outras não tão bonitas.
Mas o que faz a praça Monteiro Lobato especial, além de homenagear o grande escritor, é que é nela que fica a “Casa do Bandeirante”, uma casa típica do período colonial paulista e um dos monumentos mais singelos da cidade.
Aliás, o nome da praça, está errado, na medida que tanto Monteiro Lobato, como o bandeirante paulista, merecem uma homenagem exclusiva, por serem importantes demais para dividir o mesmo espaço.
Praticamente ninguém liga a casa do Bandeirante à praça Monteiro Lobato, e, em verdade é pouca gente que sabe que elas existem. Mas elas estão lá, uma abrigando a outra, formando um dos pedaços mais gostosos dessa cidade sistematicamente destruída e reconstruída, como se fosse sina mudar de cara a cada dez anos.
E como elas estão lá e não podem mudar nem querendo, eu me aproveito da situação para ficar bem-humorado, andando em volta da praça, vendo a casa e suas árvores deslumbrantes formando um bosque que dá uma pálida ideia de como era São Paulo no século 17.
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