O renascimento do Pinheiros
O Rio Pinheiros está renascendo, ressuscitando, mudando de patamar, entrando de novo no mundo dos vivos. Como eu sei disso? É simple: rio morto não tem vida e o Pinheiros faz tempo que vem atraindo bichos de todos os tipos para ocuparem suas margens, também ressuscitadas com a vegetação verde que começa a ganhar corpo e, dependendo do lugar, dar até ares de mata nativa, nascida na beira dos novos Peabirus que margeiam o rio e param a qualquer hora do dia.
Lá atrás, apareceram capivaras. Mas capivaras são ratos crescidos, então não é improvável se instalarem ao lado dos esgotos, como era o Pinheiros, um esgoto a céu aberto.
Para confirmar a virada, depois das capivaras apareceram cardumes de peixes. Pequenos, é verdade, mas peixes vivos e saudáveis, nadando nas águas ainda não tão limpas do rio que começava a mudar.
E vieram os jacarés. Numa parceria com o imperador dos pernilongos, os jacarés vieram para São Paulo com um objetivo claro, que, ao não conseguirem realizar, se desmotivaram e por isso voltaram para a calma do interior, para as beiradas do Tietê, depois que suas águas se purificam e onde cardumes de piranhas nadam no rio.
Mas o Pinheiros segue em frente na sua jornada redentora. Tanto faz se os jacarés não deram conta da missão que os trouxe para São Paulo, o rio segue em frente e suas águas ficam a cada dia um pouco mais limpas, atraindo aves locais e de passagem, que buscam suas margens pelas mais diversas razões.
Tem quem diga que as garças atraíram os colhereiros, que por sua vez atraíram patos selvagens, irerês, em sua migração para cima e para baixo, que nas margens do Pinheiros encontram repouso. Sei lá… são tantos os mistérios do mundo. O fato, concreto, é que o rio tem vida.
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