O trem Pullman do metrô

Enquanto as linhas da CPTM invariavelmente dão problemas, enquanto as outras linhas do Metrô entram em greve, a Linha 4 segue na sua toada tranquila, na hora, com ar-condicionado funcionando e trens cheios, mas não lotados, o que faz suas viagens serem muito confortáveis.

Numa cidade alucinada como São Paulo, com um trânsito que ultrapassou a última barreira antes do caos, com a CET se superando, preocupada em não perder sua condição de “a mais incompetente” para a Enel, ter a certeza de que de Metrô se vai fácil, e na Linha 4, melhor ainda, é altamente revigorante, faz bem pra alma e dá tranquilidade ao espírito.

Numa comparação com o passado, quando os trens de passageiros corriam pelos trilhos espalhados pelo interior de São Paulo, os trens da Linha 4 são o “Trem Pullman”, o trem de luxo da Companhia Paulista de Estradas de Ferro, que, entre secos e molhados, tinha o mesmo refinamento dos trens europeus e norte-americanos.

Viajar pela Linha 4 é uma vingança contra a brutalidade da cidade, que perdeu os parâmetros e segue ingovernável e rebelde, planalto a fora, numa sucessão de arranha-céus fechando os horizontes, como se os filmes de ficção-científica não tivessem mais lugar e o pôr do sol de São Paulo estivesse censurado para os seus moradores.

Se as ruas não vão, nem voltam; se tudo fica parado por mais de quinze minutos, até dar um tranco e andar quinze metros, os trens do Metrô seguem firmes em seu trajeto subterrâneo e os trens da Linha 4 se destacam entre eles pelo ar-condicionado que funciona, limpeza, conforto, qualidade das estações e modernidade dos carros.

Meu amigo Thomas Souto Correa tinha uma placa na porta da casa dele que dizia que a melhor vingança é viver bem. Se isso for verdade, os trens da Linha 4 são um capítulo importante na narrativa dessa história.

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