Primaveras
[Crônica de 14 de abril de 2014]
Eu sei que estamos no outono, mas, tudo bem, as primaveras, ou melhor, algumas primaveras, dentro da anarquia que se transformou São Paulo, decidiram que a hora de florir é agora.
As primaveras não fazem parte da marca registrada da cidade. As grandes campeãs são as quaresmeiras.
Mas este ano passaram tão depressa que até meu amigo Gandour ficou sem ouvir as crônicas feitas para elas. E ele ouve a rádio com a regularidade da falta de chuva secando os reservatórios do sistema Cantareira.
Além das quaresmeiras, os ipês ocupam lugar de destaque. E os jacarandás rosa e as espatódeas. As espatódeas têm áreas cativas. Não adianta tentar concorrer com elas quando o assunto é ficar florida o ano inteiro. Elas ficam, pelo menos em Perdizes.
Mas o tema são as primaveras, que vez ou outra explodem em cores tão bonitas que, mesmo sem normalmente chamarem a atenção, quando se vestem de flores, o fazem com tanta força que não há como não olhá-las.
É o caso de algumas primaveras do Pacaembu. Decidiram que a hora é agora, se vestiram de flores e botaram o bloco na rua.
Sorte de quem mora ou passa pelo pedaço. A festa das flores das primaveras está deslumbrante. E elas caem em cima dos galhos finos, tapando quase que completamente a estrutura da planta.
Rosas, roxas, brancas, tanto faz, as primaveras floridas são um momento a parte. A vida fica mais leve e o dia mais feliz porque elas estão aí, dando o ar da graça como se enfeitassem o céu para os cometas passarem.
E a vida segue em frente, em ritmo de samba, porque as flores no vento dão vontade de dançar.
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